Eu inspirava o azul, Exalava vapor branco, - Ele voou, transformando-se em nuvens. A neve rangia debaixo de mim - Rangendo, minguou. E os montões de neve convidavam a se deitar. E soou a melancolia que se canta na canção sem alegria: como o cocheiro congelava nesta estepe perdida e desconhecida, - Posto para dormir, o sol amarelo congelava o cocheiro, e ninguém disse: mexa-se, levante-se, não durma! Tudo está parado na Rússia Até as papoulas na neve Arrastou-se, patinou, para não afundar-se - Me guarde e me salve Permita me divertir na tempestade de neve Permita não deitar, não adormecer, não me esquecer! Aquele cocheiro-feiticeiro largou o chicote - para onde fugir?! - Ele orou para Cristo, estupidificado das verstas cobertas de neve... Ele, chicoteando os cavalos, talvez se aquecesse um pouco assim Mas ele, em bondade, teve pena e não bateu neles - e congelou. O seu reflexo ele viu no vazio - e a surpresa me tomou: quando seria a hora De ceifar-se a vida Eu estou até o peito na mentira Sim, o mesmo eu que devia estar no buraco de gelo! As tempestades de neve rugem, cantam - quem ficará de pé?! É preciso entrar no buraco, mas sozinho e sem por as mãos. O vapor sai da boca - eh! a minha alma rompe para fora Sai toda - enterrem-me, vou me esfaquear, tirem a faca! A neve rodopia sobre a terra Sobre os meu país Deita-se suavemente, convida a beber Ah, o cocheiro ousado bebe e chicoteia os cavalos, e o cocheiro sóbrio - congela.
© Érika da Silveira Batista. Tradução, 2014