Amo-te agora, ante todo, sen segredos, sem um "despois", sem um "mesmo" me cega a tua formosura, iracundo ou rindo, mas, amo-te agora, nom che desejo em passado, em futuro nom sei. Em passado um "eu amava-te" é mais terrível que ũa tomba e toda a mia tenrura queda desalgada, presa, ainda que o poeta dos poetas nos dixo: "Eu amava-o, o amor ainda poderia ser"¹. Assim se diz aos abandonados, aos murchos, e, ao falar, hai essa compaixom, essa indulgência que se sinte por um rei destroado, essa lástima polas paixões de onte que perdérom a querência e como certa desconfiança polo "eu amo-te". Amo-te agora, Sem promesas de "acredita" a mia vida é vida agora, nom cortarei as veias! Amo-te oportuna e continuamente agora, sem senhardade polo passado, sem delirar polo futuro. A ti chegarei nadando, mesmo decapitado! com biscoitos que pesen quilogramos, mas nom te enganes, nom me obrigues a agregar um "hei-te amar" ao "já te amo". Ainda que che pareça estranho, num "hei-te amar" hai amargura, ũa falsa sinatra, ũa carcoma, um escapar por acaso, um veleno incoloro no fundo do copo, como ũa losqueada ao presente e duvidas sobre o que eu te ame agora. Em sonhos falo francês usando muitos tempos dos que o futuro nom é assim e o passado é outro, estou cravado a um poste de ignomínia, condenado à barreira do idioma. Ah, a diferença de idiomas! Nom é ũa situaçom, é um fracasso. Mas juntos sairemos do apuro para encontrarmo-nos às soas. Amo-te nos tempos compostos e no futuro e no passado do presente!
© Frantz Ferentz. Traducíu, 2016